Em nosso estatuto, estão bem expressos os objetivos da entidade sindical e nossa missão como representantes. Na condição de dirigentes, devemos garantir o cumprimento da finalidade do sindicato, que é “buscar melhorias nas condições de vida e de trabalho de seus representados, defendendo seus direitos e interesses em questões decorrentes da relação de trabalho, bem como naquelas oriundas de relações de consumo, defender a independência e a autonomia da representação sindical, e atuar em colaboração com as demais Entidades da Sociedade Civil Organizada para defesa de interesses comuns e a busca de ampliação dos direitos fundamentais de todos os cidadãos, da cidadania e das instituições brasileiras.” Também consta em nosso estatuto que devemos “lutar pela defesa e ampliação das liberdades individuais e coletivas, pelo respeito à justiça social e direitos fundamentais da humanidade”.
Fazemos esse resgate de elementos importantes que regem nossa atuação à frente do Sindjus-RS para trazer algumas linhas sobre a conjuntura política atual e nossa perspectiva de ação para enfrentá-la. Acabamos de passar por eleições municipais que estabeleceram algumas rupturas importantes em relação às representações proporcionais. Tivemos um expressivo avanço com o ingresso de pessoas do povo, dos movimentos sociais, representantes de minorias combativas que mudam a cara do Legislativo municipal das principais cidades do país, e apontam para os próximos anos uma caminhada bastante pautada pela diversidade e pela justiça social.
Entretanto, nas prefeituras ainda se nota o peso do conservadorismo e da velha política, dos conchavos e alianças movidas por interesse e não por questões programáticas. Nesse âmbito, temos na figura de Sebastião Melo, prefeito eleito na capital gaúcha no segundo turno das eleições, um representante legítimo da manutenção das estruturas tradicionais de poder. Como vice-prefeito, participou de uma gestão que manteve Porto Alegre no abandono e à mercê de interesses privados. Na atuação parlamentar na Assembleia Legislativa, defendeu e ajudou a aprovar iniciativas de ataque aos trabalhadores e de precarização do serviço público. Sua assinatura está entre as 22 que apresentaram recentemente o projeto de congelamento de investimentos públicos no estado, uma nova porta para mais arrocho e dificuldades para os trabalhadores e a população gaúcha. Seu partido, o MDB, que elegeu 135 prefeitos no estado em 2020, é o mesmo dos governadores Rigotto e Sartori, autores das ações que contestam no STF as reposições de perdas salariais de servidores públicos de diversas categorias, incluindo a nossa. Na esfera federal, sua legenda é a principal articuladora do Centrão, base de apoio do governo Bolsonaro e sempre fiel nas votações e na defesa das medidas que afetam o serviço público, como o congelamento de gastos, e ações que ameaçam a própria existência das estruturas públicas de Estado, como é o caso da reforma administrativa de Paulo Guedes e Bolsonaro. Sabemos, portanto, o que esperar de sua condução na prefeitura de nossa capital e, por isso, anunciamos que estaremos em permanente vigilância.
Reconhecer quem são os agentes políticos e suas tendências e intenções é imprescindível para fazer o enfrentamento correto aos ataques por eles perpetrados. Em nossa atuação à frente do Sindjus-RS, sempre marcada pela defesa incontestável da democracia, dos servidores e dos serviços públicos, denunciar e esclarecer a categoria e a sociedade sobre quem são os que nos consideram inimigos é uma de nossas principais tarefas, questão de coerência e de bom senso. Por todos esses motivos, temos o dever de cobrar e fiscalizar a gestão pública, exigindo que as lideranças eleitas trabalhem por todos os cidadãos e cidadãs e denunciando, sempre que for necessário, todas as irregularidades e injustiças.
Pautamos nossa luta na construção coletiva e na busca pelo bem comum, como bem preconiza nosso estatuto. Nossa categoria não está e não pode estar isolada e desligada do restante do conjunto de trabalhadores. Dessa forma, conduzimos nossa caminhada com diálogo e integração com entidades e movimentos sociais, por entender que sem união não seremos capazes de barrar as forças que atentam contra nossos direitos. Temos lado, o lado da classe trabalhadora, dos direitos humanos e da justiça social. Seguiremos em combate.