No final da semana passada, Paulo Guedes anunciou mais uma ofensiva contra o povo brasileiro, ao propor novamente a desindexação do salário-mínimo da inflação. A medida afeta 80 milhões de brasileiras e brasileiros, penalizando novamente e de maneira mais aguda a parcela mais pobre da população. Ainda, implica em uma “nova reforma” previdenciária, que reduzirá drasticamente o poder de compra da aposentadoria.
A proposta remete aos tempos da ditadura no Brasil; durante o governo Castelo Branco, houve tentativa de desvinculação, mas a medida foi considerada insustentável até para o regime de exceção. Este plano teria por finalidade resolver o problema do teto de gastos para viabilizar o pagamento do Auxílio Brasil. Na prática, o atual ministro da economia tenta fazer um remendo grotesco para amenizar as falhas na elaboração do orçamento para o próximo ano, que não contempla os efeitos da distribuição de benesses com fins eleitorais promovida por Bolsonaro nos últimos meses.
Conforme ilustra o economista Eduardo Fagnani (Unicamp), o projeto “joga no lixo um dos principais avanços da Constituição de 1988, que vinculou os benefícios previdenciários e sociais ao salário mínimo”. Some-se esta tentativa à já anunciada retomada da reforma administrativa e o resultado é um cenário de destruição para o Brasil. Não há perspectiva de futuro numa possível reeleição de Bolsonaro, apenas a continuidade do desmanche de direitos sociais, crise e recessão.
Estamos a três dias do segundo turno da eleição e reafirmamos nosso compromisso com as pautas que são de todos e, justamente em respeito a esse compromisso é que denunciamos o que está em jogo e reforçamos o alerta. Repetimos que este não se trata de um embate político. Pelo bem do futuro do país, o voto no próximo domingo é decisivo para estancar a sangria gerada pelo desgoverno de Bolsonaro e dar início a um processo de reconstrução do país na dimensão econômica, social e democrática.