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Na noite de sexta-feira (28), a roda de conversa sobre o futuro do trabalho e do sindicalismo fez reflexões sobre os mecanismos de resistência e organização para fazer frente às novas formas de opressão do século 21 e formas de garantir que as conquistas da classe trabalhadora não sejam eliminadas. Participaram da atividade representantes do movimento sindical. 

A primeira a discorrer sobre o tema foi Arlene Barcellos, servidora aposentada da Justiça do Trabalho, militante do movimento feminista e diretora do SintrajufeRS, que saudou o formato do evento: “As rodas de conversa são fundamentais para o Bem Viver”.

O foco de sua fala foi “A transição tecnológica no Judiciário federal e o etarismo”. Ela explicou que o etarismo é o preconceito em função da idade da pessoa e ocorre predominantemente em relação a pessoas idosas. Em interação com o público, Arlene questionou o público sobre situações em que há dificuldade de absorver mudanças geradas pelo avanço da tecnologia e o surgimento constante de novas formas de interagir, comunicar-se e trabalhar. 

A dirigente sindical também abordou alguns aspectos do período em que atuou como instrutora interna na Justiça do Trabalho e no processo de implantação do processo eletrônico e a importância do debate sobre as condições de trabalho: “Como no teletrabalho tu monitora assédio moral e acidente de trabalho? Esse é um desafio para o sindicalismo”.

A segunda intervenção foi feita pelo sindicalista Everton Gimenis, vice-presidente da Central Única dos Trabalhadores no RS (CUT-RS) e ex-presidente do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região (Sindbancários). Gimenis explanou sobre a experiência dos bancários como laboratório de inovação, mas também de precarização.

O dirigente fez um breve resumo sobre as transformações que os trabalhadores do setor bancário tiveram que absorver na rotina de trabalho nas últimas décadas. As progressivas inovações, implementadas com objetivo primário de aumentar lucros dos banqueiros, levam ao gradativo processo de redução da força de trabalho e precarização. Na avaliação de Gimenis, na medida em que inovação são implementadas os direitos também são ameaçados, o que torna essencial a luta pela preservação de seus direitos e garantia de condições dignas. 

Na sequência, o diretor do Sindjus, Emanuel Dall’Bello, trouxe para o debate alguns elementos sobre os processos de transformação no mundo do trabalho no contexto da chamada 4ª Revolução Industrial. Alertou que esse processo constante de revolução tecnológica nunca foi algo conquistado, construído ou proposto pela classe trabalhadora. “As transformações estão ocorrendo de forma muito rápida e são um processo profundo de substituição dos trabalhadores por tecnologias diversas”, alertou.

Neste sentido, Dall’Bello ressaltou que o sistema não vai atuar para que as tecnologias tenham um olhar para as necessidades dos trabalhadores e para que resultem em melhorias na qualidade de vida da classe trabalho. Ele aponta que estamos vivenciando “o capitalismo de plataforma”, que atua para colocar todo mundo de forma precarizada.

No âmbito do Poder Judiciário, esses fenômenos são sentidos de maneira cada vez mais abrupta e sem as condições necessárias para adaptação. Para o diretor Jurídico do Sindjus, a uberização também está presente dentro do Judiciário. “Qual Justiça 4.0 a gente quer? A gente precisa rediscutir as métricas para debater as nossas metas”, apontou.

Dentro deste contexto é fundamental que o Sindicato e a categoria debatam temas como o “autogerenciamento subordinado” e a falsa sensação de gerir o próprio tempo, a sobrecarga, a perda do direito à desconexão pela imposição de  metas cada vez mais abusivas e as novas modalidades de organização da estrutura judiciária (a exemplo das Multicons e Cecalcs), que desumanizam as relações de trabalho, afastam e desagregam os trabalhadores, além de dificultar ainda mais o acesso da população à Justiça.

No encerramento foram exibidos os vídeos de apresentação do Coletivo pela Igualdade Racial do Sindjus (CIRS) e do Núcleo de Aposentados do Judiciário Estadual (NAP) , detalhando as pautas de luta e convidando as delegadas e delegados para participarem.

 

Lançamento do livro “O Futuro do Trabalho: Perspectivas Latino-Americanas”

No encerramento do segundo dia de ConsejuRS, foi lançada a cartilha “O Futuro do Trabalho na América Latina”, um trabalho organizado pelo coletivo Fazendo Escola, integrado pelo Sindjus, em parceria com o Laboratório de Sociologia do Trabalho (Lastro) da Universidade Federal de Santa Catarina.

A publicação conta com uma série de artigos voltados para a formação sindical, escolar e acadêmica e foi elaborada a partir de um ciclo de debates internacional realizado em 2021, que reuniu especialistas, sindicalistas e pesquisadores latino-americanos para debater as mudanças no mundo do trabalho e o impacto na vida da classe trabalhadora.

 

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IIV CONSEJU - RS | DIA 2