Caso alguém ainda não tenha se dado conta, estamos vivendo uma nova era, um período em que os sentimentos estão vindo à tona. Não pretendemos aqui detalhar as maravilhosas propostas e encaminhadas durante o I Encontro de Negros e Negras da Fenajud, que já estão dando frutos, mas sim falar da importância desse movimento.
Vivemos um novo momento, em que as pessoas estão dando a cara e mostrando quem são na verdade. Muitos racistas se fazendo presentes, mas por outro lado, muita gente boa combatendo o egoísmo, o desrespeito, a tirania, o racismo, fascismo, sexismo e demais preconceitos. Todos esses sentimentos nefastos não serão mais tolerados.
Uma nova era desponta no horizonte. Uma era em que se percebeu que a conquista dos direitos dos trabalhadores vai muito além de ganhos materiais. Em que se compreendeu, que ter ganhos morais é essencial para o seguimento de qualquer outra luta. Várias vozes proclamam ao mesmo tempo o direito a “ser humano”, o direito a existir.
A herança de um país escravocrata, que foi o último país a assinar a Lei Áurea, é ainda muito forte na nossa cultura e está enraizado em algumas pessoas, na sociedade, nos negócios e nas relações de trabalho. É sabido que a população negra e, não só a negra, mas também as ditas minorias, sofrem muito mais retaliações trabalhistas do que as pessoas brancas e heteronormativas.
Por isso, não tem como o Sindicato fechar os olhos para esta situação. E para lembrar e reforçar isso, o art. 3º do estatuto do Sindijus/RS diz o seguinte:
Art. 3º – Constituem finalidades precípuas do Sindicato buscar melhorias nas condições de vida e de trabalho de seus representados, defendendo seus direitos e interesses em questões decorrentes da relação de trabalho, bem como naquelas oriundas de relações de consumo, defender a independência e a autonomia da representação sindical, e atuar em colaboração com as demais Entidades da Sociedade Civil Organizada para defesa de interesses comuns e a busca de ampliação dos direitos fundamentais de todos os cidadãos, da cidadania e das instituições brasileiras
E ainda no seu artigo 4º, incisos V, VIII, XI, XIII e XVII
Art. 4º – São prerrogativas e deveres do Sindicato:
I – …… .V – lutar pela defesa e ampliação das liberdades individuais e coletivas, pelo respeito à justiça social e direitos fundamentais da humanidade; …….. VIII – desenvolver políticas que busquem a democratização do Poder Judiciário e um Serviço Público de qualidade, a partir da participação organizada dos trabalhadores do judiciário e da sociedade civil na elaboração e fiscalização das políticas implementadas; … XI – manter relações com as demais categorias profissionais para concretização da solidariedade social e da defesa dos interesses da categoria e dos demais trabalhadores do país e do mundo;…. XIII – representar a categoria nos congressos, conferências e encontros em qualquer âmbito; ….. XVII – promover congressos, seminários, plenárias, encontros, reuniões e outros eventos que visem aumentar o nível de organização dos trabalhadores do Judiciário.
Eis que então, o Sindjus/RS, mais uma vez na vanguarda, mais uma vez na sua pura essência, abre caminhos para uma luta mais do que justa: “A conquista da igualdade racial dentro da Justiça”. Debate essencial feito dentro do I Encontro de Negras e Negros, na Bahia, em que vários outros sindicatos da Justiça Estadual saíram com a promessa de criar seus coletivos, e já chegarem com eles constituídos no Encontro Internacional do Movimento Negro, que acontece em novemnbro, em Minas Gerais.
O combate ao racismo é assunto tão sério que virou projeto no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com a criação de comissões nos Tribunais e virou assunto frequente na ONU, que faz balanço e aponta a urgência do combate ao racismo estrutural.
Não basta não ser racista, tem que ser antirracista. Há que se combater essa chaga que é o racismo e que está presente nas relações trabalhistas e na estrutura do Judiciário, impedindo os seus parcos servidores não brancos de se desenvolverem em igualdade de condições com os brancos.
Esta luta é do sindicato, da sociedade e de todas e todos que querem uma Justiça minimamente justa. Fortalecida dessa ideia, retornamos do primeiro encontro da Fenajud (de muitos outros encontros que virão) com a expectativa que a Federação e demais sindicatos estaduais vão fortalecer e promover essa luta essencial de agora em diante. O combate ao racismo, dentro do Judiciário, veio para ficar e veio forte.