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O Sindjus iniciou nesta quinta-feira (15/6) o “Ciclo de Debates: Tecnologia, virtualização e precarização no TJRS”. O primeiro debate foi sobre a expansão da Multicom e os reflexos no trabalho dos servidores e servidoras.

Com a participação de dezenas de servidores, o Sindicato abriu um espaço para a categoria apresentar os problemas, dúvidas e apontar direcionamentos para a elaboração da pauta de reivindicações sobre as questões tecnológicas. 

A Multicom é uma central de cumprimento de processos eletrônicos sem critério de territorialidade. No último período, sem diálogo com os trabalhadores ou entidades, o Tribunal de Justiça (TJRS) promoveu uma grande expansão, com direcionamento de diversos servidores para atuar neste formato de trabalho

“Nas últimas reuniões do Conselho de Presidentes foi pautada a questão dos sistemas, da inteligência artificial e novas ferramentas tecnológicas para aprimorar a prestação jurisdicional. Além disso, tem o programa Justiça 4.0, através do qual o Conselho Nacional Justiça (CNJ) impõe uma série de metas e tem como objetivo unificar os sistemas a nível nacional”, apontou o diretor Jurídico do Sindjus, Emanuel Dall’Bello, na abertura da reunião, explicando a importância de aprofundar o debate sobre a temática.

 

Esvaziamento dos cartórios e sobrecarga

Durante a reunião, os servidores e servidoras apresentaram dúvidas e questões problemáticas em relação à expansão da Multicom. Tema recorrente em várias falas foi o fato do esvaziamento dos cartórios e, consequentemente, a sobrecarga dos trabalhadores que não foram direcionados para esse formato de trabalho. Diversos relatos apontam que em algumas comarcas ficou somente o gestor e mais um estagiário no cartório. Em um caso relatado, por exemplo, uma das grandes comarcas do Estado está sem servidor na Central de Mandados.  

 

Falta de diálogo e treinamento

Outro ponto destacado durante as manifestações foi a falta de informação sobre o funcionamento da Multicom, em um processo feito com “atropelo”, com explicações divergentes (como os plantões) e as pessoas sendo direcionadas para a nova função sem detalhes sobre o funcionamento ou orientação. “Atropelos geram insegurança e ansiedade”, relatou uma das pessoas presentes na reunião. 

As servidoras e servidores também apontaram que a decisão de quem seria direcionado para a Multicom foi feita sem nenhum critério, análise de perfil ou de particularidades. “A evolução precisa ser simétrica: tecnológica e humana, e não que a tecnologia gere piora da qualidade de vida”, destacou outro relato.

Sobre o treinamento foi ressaltado, ainda, a importância de cursos de formação e atualização sobre o sistema, já que o eproc conta com diversas ferramentas, sem que tenha sido elucidado para os servidores as funcionalidades de cada uma.  

 

Falhas, quedas no sistema e metas

As trabalhadoras e trabalhadores também apontaram as dificuldades impostas pela instabilidade do sistema, “o que atrapalha a organização e a organização da rotina de trabalho para cumprimento das metas”, já que para o TJRS só fica registrado quando o eproc cai completamente.

Sobre essa questão, a categoria questionou sobre o cumprimento da determinação do CNJ para que somente 30% dos servidores estejam em teletrabalho: “Se tu está com meta, porque precisa estar no Foro?”, apontou outra pessoa.

Presente em diversas falas também a falta de transparência e objetividade nos critérios de estabelecimento das metas, que prioriza somente o produtivismo, ignorando que determinados processos são mais complexos e exigem maior dedicação. 

 

Encaminhamentos

A partir das diversas contribuições o Sindicato está elaborando uma pauta de reivindicações para ser apresentada junto ao Tribunal, propondo melhorias e ajustes no processo. 

No dia 19 de junho, às 17h, o TJRS vai realizar reunião para esclarecimentos sobre a nova sistemática das Multicoms e o Sindjus apontou a necessidade de uma participação massiva da categoria.

 

Próximas atividades

O “Ciclo de Debates: Tecnologia, virtualização e precarização no TJRS” tem como objetivo tratar sobre a reestruturação administrativa e tecnológica em andamento no Tribunal de Justiça e os reflexos na precarização do trabalho. Ao todo serão quatro reuniões, a próxima será no dia 6 de julho (quinta-feira), às 9h30, sobre a Cecalc.