A atividade reuniu sindicatos de todos o Brasil e foi marcada por emoção e importantes reflexões para o enfrentamento ao racismo
Encerrando dois dias de grandes debates, na sexta-feira (19/5), o I Encontro de Negras e Negros da Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário nos Estados (Fenajud), realizou uma plenária propositiva e a aprovação de um plano de lutas com estratégias e as ações de enfrentamento ao racismo e diretrizes para a inclusão de negras e negros nos espaços de decisão e poder.
O Coletivo pela Igualdade Racial do Sindjus (CIRS) foi representado no evento pelos integrantes Luiz Mendes e Silvia Vasconcellos, que participaram dos debates das mesas e avaliaram a importância desse movimento feito pela Federação. Para Silvia, as reflexões e encaminhamentos do evento também servirão como estímulo para que outros sindicados também promovam o combate ao racismo, dentro e fora do Judiciário, e também através da criação de outros coletivos, como o CIRS. Nos próximos dias publicaremos um artigo de Silvia Vasconcellos com reflexões sobre o I Encontro.
Entre os diversos encaminhamentos aprovados no Encontro, destacaram-se os seguintes:
– Criação de um Coletivo de Lutas de Combate ao Racismo e a Desigualdade Racial na Fenajud, com um Calendário Nacional de Lutas;
– Solicitação junto aos sindicatos para verificar se há diferença no acesso à carreira, progressões, promoções e FGs entre brancos e negros;
– Exigir do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que obrigue os tribunais estaduais a colocarem em funcionamento as comissões de equidade racial;
– Fomentar que os sindicatos de base da Federação incentivem a participação de negras e negros em todos os eventos promovidos pela Fenajud, e não só nos encontros específicos.
Além disso, foi defendido que os estatutos das cotas raciais sejam cumpridos na sua essência, ou seja, que os concursados aprovados na ampla classificação, não sejam colocados na classificação das cotas raciais. E que sejam punidas tentativas de fraude contra o sistema de cotas. O coletivo se reúne para analisar as interpretações que estão sendo dadas em relação ao preenchimento das cotas nos concursos públicos do judiciário.
Alexandre Santos, coordenador-geral da Fenajud, destacou a alegria, como um dirigente sindical negro, de poder presenciar esse momento histórico da Fenajud. “Esse momento foi histórico para a Federação e para o Judiciário brasileiro. O primeiro Encontro de Negras e Negros do Judiciário dialogou sobre temas importantes e caros para o povo negro, e pessoalmente caros para mim. Precisamos propor ideias e efetivar o que foi tratado aqui para fortalecer a luta antirracista no Brasil”.
O coordenador-geral da entidade, Janivaldo Ribeiro, também dirigente sindical negro, se emocionou ao lembrar da sua trajetória e de todas as lutas que enfrentou para conseguir superar as opressões que a sociedade impõe. “Isso aqui faz parte da construção coletiva da Federação. Estamos emanados no propósito único de fazer uma Fenajud mais ampla, antirracista, justa e melhor a cada dia, seja na construção dessa coordenação ou nas próximas. É um trabalho que não tem mais volta. Estou muito feliz com esse Encontro”, afirmou.
A coordenadora de Gênero, Etnia e Geracional, Carolina Lobo, uma das responsáveis por organizar e estruturar a atividade, agradeceu a oportunidade de poder debater e de aprender mais sobre o fortalecimento da cultura negra, do debate por um Judiciário mais amplo e a ocupação negra nos mais diversos espaços. “O processo de construção desse evento foi tão longo. Nós já vínhamos conversando dentro da coordenação sobre a necessidade dessa discussão, principalmente pelas experiências vividas por Alexandre e Janivaldo, e aos poucos fomos dando forma a essa atividade. Começamos a pensar e veio a representação de Xangô, o Orixá da Justiça, e a partir daí, o Encontro foi estruturado. Vimos aqui o quanto é importante discutir a questão racial, não só no movimento sindical, mas dentro do Poder Judiciário”.
Calendário
A atividade, que foi a primeira a debater o tema, terá continuidade durante a gestão. A previsão é que o Encontro ocorra pelo menos uma vez ao ano.
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