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Na última semana, mais um caso revoltante de misoginia praticada por um membro do Poder Judiciário ganhou o noticiário nacional. Numa sessão de julgamento de medida protetiva para uma menina de 12 anos que denunciou um professor por assédio, o desembargador Luis Cesar de Paula Espíndola, do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR), desacreditou a vítima, minimizou o fato ocorrido e ainda alegou que hoje as mulheres “correm atrás dos homens”, ridicularizando as violências diariamente sofridas por mulheres de todas as idades, no país e no mundo.

A ação do magistrado agrava a violência já sofrida pela criança, que em vez de ser acolhida pelo representante da Justiça, foi ainda mais exposta e vulnerabilizada. O fato não pode ser tomado isoladamente, mas interpretado pelo que ele representa: o machismo estrutural e enraizado nas instituições.

A posição de autoridade que confere a liberdade de cometer atos de violência com a certeza da impunidade. Sabemos, e o desembargador também sabe, que as “punições” para a magistratura se assemelham mais a presentes, como a aposentadoria compulsória. Longe do controle social e da possibilidade de efetivamente fazer justiça, essa segurança permite que o abuso de poder seja prática habitual, garantindo a manutenção dos mecanismos de opressão dentro das estruturas de Estado. 

Nos causa profunda revolta e preocupação saber que o machismo ainda ocupa espaço tão relevante nas cúpulas de um poder institucional que deveria funcionar como condutor de soluções, e não agravador de problemas. Isso evidencia o quanto nossa luta precisa avançar e a importância de estarmos cada vez mais organizadas e organizados para enfrentar essa lógica perversa de produção e reprodução da violência de gênero.

Mais do que manifestar repúdio em relação ao ocorrido, entendemos que é fundamental nos unirmos para fortalecer o combate à misoginia, seja pela denúncia, pelo enfrentamento e pela conscientização, mas, principalmente, pela construção política de um caminho para a reestruturação dos poderes sob um novo paradigma de respeito e igualdade. Como entidade da classe trabalhadora que compreende seu papel na luta pela justiça social e contra todas as formas de opressão, o Sindjus chama a categoria e a sociedade para somar esforços nesta caminhada tão necessária.