Enquanto o TJRS sediava a reunião do colégio de presidentes dos tribunais na tarde desta sexta-feira (2), trabalhadores do Poder Judiciário de vários estados protestavam em frente ao prédio em Porto Alegre pela valorização profissional e contra a precarização da justiça. Munidos de cartazes e faixas, instrumentos musicais e bandeiras de sindicatos de vários estados, dirigentes das entidades participantes revezaram-se ao microfone para denunciar e gritar palavras de ordem no protesto que teve como mote a pergunta “Que justiça é essa?”. O ato foi organizado pelo Sindjus/RS em parceria com a Fenajud.
Com cerca de 200 pessoas reunidas em frente ao TJRS, o ato teve por objetivo dar visibilidade à situação enfrentada pelos trabalhadores do Poder Judiciário dos estados. Os manifestantes denunciaram vários elementos que caracterizam o processo de precarização da justiça em todo o país, como a extinção de cargos, déficit de servidores, a terceirização e “estagiarização” e a falta de abertura ao diálogo com a categoria. Outro tema trazido no ato foi a alta carga de trabalho, agravada com o estabelecimento de metas pelo CNJ, que provoca exaustão e adoecimento dos trabalhadores. Dirigentes sindicais denunciaram, ainda, a perseguição promovida pela administração dos Tribunais estaduais, com o objetivo de enfraquecer os movimentos de resistência dos trabalhadores. Os privilégios dos subsídios de magistrados também foram objeto de crítica; dirigentes recordaram a existência de juízes cujos valores no contracheque ultrapassam R$ 700 mil. Artistas em longas pernas-de-pau vestindo togas simbolizavam a distância entre a Magistratura e a classe trabalhadora da justiça brasileira.
Lideranças sindicais de outras categorias também participaram do ato, manifestando solidariedade em relação à realidade enfrentada pelos servidores do judiciário e denunciando também em suas falas o prejuízo que a precarização da justiça representa para a sociedade. Na avaliação do diretor de imprensa e divulgação do Sindjus, Emanuel Dall’Bello, a atividade “superou as expectativas dos organizadores, sendo um marco para toda a categoria, que participou em grande número, da retomada de um sindicato de luta e comprometido com os interesses dos trabalhadores e trabalhadoras”.