Promover reflexões sobre a conjuntura política nacional e fazer projeções sobre os desafios para o próximo período foi a forma encontrada pela direção do Sindjus para marcar os 34 anos de existência do Sindicato, comemorados nesta terça-feira (8/11), no Memorial Luiz Carlos Prestes.
A palestra do professor, escritor e jornalista Juremir Machado: “Brasil pós-eleições de 2022: os desafios da classe trabalhadora e dos movimentos sociais”, contou com a participação da base sindical, lideranças políticas e dirigentes de entidades sindicais e sociais parceiras. Na parte cultural, uma apresentação de voz e violão de Lico Silveira, encerrou a noite.
Inspirado pelas imagens da trajetória de Luiz Carlos Prestes, que integram o espaço projetado por Oscar Niemeyer, o coordenador-geral do Sindjus, Osvaldir Rodrigues, conduziu a abertura do evento falando sobre o simbolismo de um professor falar no aniversário do Sindicato: “Que a gente possa avançar na educação social e na democracia, para que nos próximos anos a gente não precise escutar novamente os absurdos do último período”.
Cenário atual
O professor Juremir Machado abriu a palestra fazendo um breve resgate dos fatos que culminaram no cenário político da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva. No entendimento do jornalista, o fortalecimento do campo democrático teve como ponto de partida o vazamento hacker das mensagens da Vaza-Jato, que contribuíram de forma relevante tanto na anulação da condenação de Lula como na mudança da opinião pública sobre a ilegalidade e imparcialidade do processo.
Reconhecido como um dos grandes pesquisadores da comunicação, Juremir Machado avalia que, ao mesmo tempo em que a Vaza-Jato agregou as forças progressistas, a mudança de posicionamento da grande mídia também foi determinante no crescimento da extrema-direita.
Ele citou exemplos de diversos grupos de comunicação que atuaram fazendo propaganda pró-bolsonarismo. “Me parece que a coisa começou a mudar e o caldo a entornar quando a ideia de pluralismo, que de certa forma existia na mídia brasileira, foi colocada de lado e passou a ser vista como concessão ao comunismo”, afirmou, citando que os veículos fizeram escolhas abertas e escancaradas optando por um nicho de extrema-direita.
Projeções para o próximo período
Para Machado, no cenário pós-eleições um dos grandes desafios é encontrar um meio de conversar com os evangélicos: “Eles serão cada vez mais determinantes nas eleições”, citando a importância de desfazer as fake news em torno das pautas de costumes. “Caso contrário, é só questão de adiar e entregar o poder a uma conspiração de extrema-direita”, alertou.
O professor projeta, ainda, que após o campo progressista assegurar a vitória de Lula e barrar o avanço do fascismo no Brasil “é preciso se preparar para grandes batalhas”, seja para aprovar questões essenciais ou para desfazer as reformas nefastas aprovadas nos últimos seis anos. “É cada vez mais necessário apostar em frentes, acho que a nossa época exige tolerância, negociações e composições programáticas. Que a democracia seja aperfeiçoada e possamos escutar um ao outro”, finalizou.
Presenças
O aniversário de 34 anos do Sindjus contou com a presença da deputada estadual reeleita Sofia Cavedon (PT), da vereadora de POA e deputada federal eleita Daiana dos Santos (PCdoB), do vereador e deputado estadual eleito Leonel Radde (PT) e do vereador Pedro Ruas (PSol), que compôs como vice a chapa ao governo do Estado PT-PSol.
Também prestigiaram o aniversário do Sindjus os representantes das entidades: Fenajud, ASJ, Abojeris, Simpe/RS, Sintrajufe, Assufrgs, CPERS, Ajuris, Sindisprev, Instituto Camélia, Movimento Negro Unificado, Aprojus, Associação Cultural José Martí, SindiCaixa, CUT/RS, Sinderf, SindTCE/RS, Brasil de Fato, PSol-Intersindical e Amapergs.
Novembro Antirracista Unificado
No encerramento do evento, o diretor de Comunicação do Sindjus e integrante do Coletivo pela Igualdade Racial do Sindjus (CIRS), Marco Velleda, falou sobre a construção do Novembro Antirracista Unificado, que conta com a participação de centenas de entidades e tem como ponto principal a realização da Marcha Independente Zumbi e Dandara, que será realizada no dia 20 de novembro, e terá como tema a reivindicação do feriado da Consciência Negra.
Integrando a programação, entre os dias 20 e 23 de novembro, em Porto Alegre, será realizado o 2º Encontro do CIRS. A programação inclui debates sobre territorialidade, comunicação antirracista e resistência cultural. Programação completa e inscrições pelo site do Sindjus.
Veja a palestra na íntegra:
